quarta-feira, 30 de março de 2016

Amor à causa ou obsessão?

aqui contei a minha história com o Loubie. Já aqui contei a forma como nos apaixonamos pela companhia dele. E acho que já demonstrei a forma como ainda hoje sofremos com a sua ausência (aqui). Na verdade, quando passamos por um Labrador preto na rua, raras são as vezes em que não olhamos num silêncio triste para os olhos um do outro. Não falamos. Não precisamos! Não só porque nos conhecemos e conseguimos ler o olhar, como porque as saudades são sentidas da mesma forma pelos dois (aqui).



Até termos adoptado o Loubie tínhamos pouco contacto com associações de protecção de animais. Menos ainda com associações que socorrem animais em risco e lhes tentam proporcionar uma família e uma vida digna. No entanto, quando ponderamos a hipótese de adoptar, sempre me disponibilizei a conversar e responder a TODAS as perguntas que me fizeram. A adopção do Loubie foi pacífica e tratado directamente com o dono anterior, que o via como uma mercadoria e queria apenas descartar-se dele...
Depois do Loubie nos deixar, passamos por um tempo de luto. Acho que este luto vai sempre existir para nós, mas achei que não devia passar a minha vida sem outro patudo em casa. Nem tão pouco privar o meu filho dessa amizade e vivência. Aliás, o Pedro foi a principal razão para adoptarmos o Loubie e continua a ser a principal razão para querer outro cão na família. Ele adora. Brinca, rebola-se, faz festas. Assim, há uns tempos candidatei-me a adoptar uma cadela através da associação que me levou até ao Loubie. A cadela estava com uma protectora. Trocamos contactos e passei a falar directamente com ela. A história de resgate da cadela era estranha, mas como tinha o aval da associação, não estranhei. Na véspera de irmos buscar a cadela, falei com a tal protectora que me pediu dinheiro. Para ração, para um chip de outro cão e "mais qualquer coisa que eu entendesse dar". Está bem! Ok! Saímos um sábado de manhã de casa em direcção a Ponte de Lima. O Pedro tinha estado doente, mas quando lhe disse que íamos buscar um cão, ele foi o caminho todo, apesar de debilitado, a dizer "cão, cão, cão". A senhora não quis que fossemos ter a casa dela. Foi ter connosco à saída da auto-estrada. E tudo foi estranho, até ao momento em que a senhora começou aos gritos porque se sentiu ofendida por uma frase que nem sequer era dirigida a ela. Quando lhe disse calmamente que não valia a pena levantar a voz porque com toda a certeza tinha havido um mal entendido, ela gritou mais ainda. E foi nesse momento que lhe devolvemos a cadela (que já estava com a nossa trela), viramos as costas e voltamos para casa. Nesse sábado fizemos mais de 200 kms, não trouxemos a cadela e conhecemos uma louca obcecada. Falamos com a associação, que não sabia que a dita senhora pedia dinheiro, mas que sabia há muito que era uma "pessoa difícil"...
Nem será necessário perceber que deixamos passar vários meses antes de pensar adoptar outra vez. 
Entende-se, não? Entretanto fui ajudando algumas associações como podia e no Natal fui entregar várias coisas a uma, fruto de donativos de várias pessoas, que uma amiga recolheu e comprou. Há, de facto, associações que merecem todo o nosso respeito e atenção. Este mês, no entanto, surgiu um apelo e enviei mensagem à associação (a mesma de sempre) e a resposta foi "preencha por favor o questionário, mas para essa patuda já temos vários candidatos. Por que não se candidata a outro?"
Tudo muito lindo, mas...
1. Já me candidatei antes a patudos através da vossa associação. Porque devo preencher outro questionário?
2. Conhecem-me de todos os contactos estabelecidos anteriormente (antes do Loubie, quando tínhamos o Loubie, quando o Loubie morreu, quando fomos tentar adoptar a outra...). Também querem a declaração de IRS?
3. Quero candidatar-me à adopção daquela cadela. Porque me dizem desde logo que já há vários candidatos e me dizem para tentar adoptar outro? Antes da escolha não estarão todos os candidatos em "pé de igualdade"? Ou não? Porque seria a minha candidatura desde logo excluída por já haver vários candidatos?

Enfim, meus amigos, não me candidatei. Sei que muitos se estão a contorcer com o que escrevi e com as minhas dúvidas sobre a adopção. Mas, acreditem, há pessoas completamente obcecadas no que diz respeito a esta matéria e, garanto-vos, perdem a noção do razoável. Sinceramente, não sei se quero voltar a sujeitar-me a isso. E, acreditem, todos os dias penso nisso... 
Assim, mantemos a nossa vida com a saudade do nosso Loubie, na esperança de encontrarmos outro ser tão especial, mas sem sermos martirizados pela obsessão. Porque amor à causa não pode ser confundido com isso... 


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