domingo, 30 de agosto de 2015

Loubie

Hoje era para ser um dia feliz. Estou mesmo certa que hoje o dia amanheceu para ser feliz. Mas não foi!

O Loubie estava doente e internado. Tivemos que levá-lo para o Hospital. Teve que ser submetido a uma cirurgia. E, apesar de tudo, o coração não resistiu e foi embora.

Sim! Hoje tinha amanhecido para ser um dia feliz, mas o Loubie deixou-nos. Nestes meses o Loubie ensinou-me o que era ter um cão em casa. Acho até que já tinha escrito isso aqui. O Loubie era nosso. O Loubie era nosso, assim do coração. Ele obrigou-me a pesquisar sobre comportamentos, alimentação natural, doenças, o melhor para ele. E sim! Foi ele que me obrigou. Porque ele era especial. Não ladrava, não fazia asneiras, não se queixava. Talvez por isso não tenhamos percebido mais cedo que ele precisava de mais alguma coisa. Talvez! Mas não sei! O que sei é que em nossa casa ele teve amor. Teve a atenção que nunca tinha tido. Teve o carinho que não fazia ideia que existia. As nossas rotinas estavam estabelecidas para o Pedro e para ele. E agora temos que aprender a viver outra vez. O Loubie foi entrando de tal forma na nossa família que parecia que sempre esteve aqui. Ele connosco. Nós com ele. Na quinta-feira o Pedro abraçou-se a ele sem parar. Sem ninguém dizer-lhe nada ele passava pelo Loubie e abraçava-o. E o meu coração tirou fotografias sem fim...
Na nossa memória ficarão as férias. Foram os melhores dias da vida do Loubie. Esteve connosco 24h/dia. Aprendeu que a natureza dele o fazia atirar-se para a água. Aprendeu que afinal até sabia nadar. Aprendeu a apanhar a bola em pleno vôo antes de mergulhar. Aprendeu a sair da piscina e a voltar a atirar-se. Foi à praia e mergulhou no mar. Foi feliz. Teve festas e mais festas e mais festas. Era um mimalhão. E agora a trela está pendurada, a casota está no jardim e o espaço dele aqui dentro está vazio. Aquele lugar só dele, de onde ele nos olhava a pedir festas e mimos! Perguntaram-me no Hospital se queria vê-lo. Não quis. Não quis ver a cicatriz da cirurgia. Não quis vê-lo deitado sem respirar. Não quis vê-lo de olhos fechados. Quero pensar nele com energia, a correr pelo jardim, a acompanhar-nos nas caminhadas e corridas, a apanhar a bola, a comer de um fôlego só, a abanar o rabo quando eu chegava a casa. O Loubie é assim. E só assim quero tê-lo na minha cabeça e no meu coração. Deixei-o lá para ficar melhor, mas não o trouxe...

O Loubie chegou em Dezembro de 2014 e hoje, dia 29 de Agosto de 2015, com 3 anos apenas, foi embora. E, como sabem, "o valor das coisas não está no tempo que elas duram. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis." (Fernando Pessoa). E talvez por isso, estes meses sejam inesqueciveis, o que sinto pelo Loubie seja inexplicável e o Loubie seja incomparável... Não tenho palavras. Apenas lágrimas e vazio!

 

2 comentários:

  1. É um vazio que se vai arrastando ao longo dos dias... Eu perdi o meu "Pantera" em Março de 2014 e ainda agora o lembro por todos os cantos onde ele passou 7 anos... e o último mês de vida em sofrimento dele e todos nós, a sua família! Mas o importante é que lembramos mais as brincadeiras e a alegria desses anos juntos!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ainda nos custa muito falar sobre o Loubie. Sentimos um vazio grande e hoje, ao reler o que escrevi, volto a chorar como naqueles dias. Sei que tenho que aceitar, mas está a custar...
      Obrigada pelas suas palavras e pela sua partilha!

      Eliminar